terça-feira, 17 de novembro de 2009

A Caixa de Lembraças

Música: Hearth Rending Sorrow

© gorjuss

Na última vez que arrumei o meu quarto estava decidida apelar a uma das regras do fengshui (ou palavra parecida a esta) e jogar fora tudo aquilo que não precisava. Sentia-me sufocada no meu quarto, o único sítio nesta casa que é meu e onde é suposto eu ter paz, tranquilidade e privacidade, e não tenho nenhumas das três.
À medida que ia reciclando as minhas prateleiras fui começando a ter  uma sensação de “eu não quero jogar isto fora, mas também não quero isto aqui”.

Teoria 1: Os objectos têm vida própria (como no filme Toy Story) e quando estamos perto de os mandar daqui para fora accionam alguma espécie de metabolismo via infravermelhos para o nosso cérebro para nos causar sentimentos de culpa, tristeza, nostalgia e arrependimento.


Teoria 2: Os objectos tiveram uma grande influência no meu passado e temo que se os deitar fora, o meu passado aos poucos vá desaparecendo da minha cabeça.

Teoria 3: Receio ficar com as prateleiras vazias.

Pus sempre as coisas que “não queria jogar fora e não queria manter aqui” de lado para decidir o que fazer com elas no final da limpeza. Olhei para as coisas metidas à parte e pensei para mim Não as quero manter no meu quarto, não as quero jogar fora e nem quero as mandar para o sótão. Pensei então no caso de haver pessoas que estão na minha situação.
Por um lado queremos manter as recordações aqui mas por outro não fica bem enquadrado.
Porque não arranjar uma graaaaaaaaaaande caixa e meter tudo lá dentro? Uma caixa colorida como as recordações, a menos que queiram guardar recordações menos felizes como os masoquistas; assim talvez a nossa mente fique mais aliviada.
As recordações são sempre muito importantes nas nossas vidas, embora algumas delas sejam insignificantes como garrafas vazias, pequenos papeis... mas todas elas trazem sentimentos, momentos, sensações, risos, choros. A pergunta é: terão elas lugar no nosso quarto?