quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Construindo

Música: Speed of Sound


Aparentemente estou a passar por uma crise existencial. Não é novidade para mim que tenha a minha cabeça a 140 km/h, o que é novidade é haver mais trânsito. 
Gosto de acreditar que estou a sair da minha "bolha" e acho que gostava de voltar lá para dentro de novo, mas ainda não tenho a certeza já que só dei ainda uma espreitadela no mundo cá fora. 
Não vou criticar a sociedade, desta vez resolvi dedicar um post à realização pessoal, que é definitivamente o centro da minha crise. 
Se já me conhecem saberão que eu "adoro" meter a carroça à frente dos bois, de pensar nos "E se?" e nos "Porquê?", e essa minha característica alimenta a minha actual situação.

Eu acho que a meta de qualquer pessoa é a felicidade, mas o que é a felicidade ao certo
Como fui aprendendo nos últimos meses, quando a nossa vida está uma total desarrumação temos que estabelecer pequenos objectivos e concretizá-los. Com isso vamos construindo uma escadaria em que o próximo objectivo é mais ambicioso e difícil de se conquistar. 
Eu tenho medo de alturas, subi até hoje duas escadas e já estou a tremer que nem varas ao vento dos próximos desafios que virão porque a altura em que vou estar do chão vai crescendo. 
É nisto que tenho pensado ultimamente:
  1. Conquistamos a nossa independência (sair de casa dos pais, ter emprego);
  2. Começamos com o mínimo de bens materiais (uma casa alugada, um carro velhote, electrodomésticos baratos);
  3. Ambicionamos e sonhamos no que queremos ter na nossa vida (relações, tipo de emprego, viagens, decoração da casa, carro, colecções);
  4. Trabalhamos (física e psicologicamente) para o conseguir. 
Se tudo pelo qual me esforcei eu alcançar, o que acontece a seguir?
Tenho muito medo dessa parte porque eu passei mais de 4/5 da minha vida aborrecida e se depois de todo o enorme esforço eu encalhar de novo, bem eu acho que fico ainda mais maluca do que já estou! A motivação para fazer e ter novas coisas é a solução (é o que me vão dizer), mas vou ter problemas porque motivação e auto-estima é coisa que não tenho. Vou dar um exemplo numa área que eu conheço.

Jogos online ou de consola
Quando uma pessoa se interessa por um jogo, a motivação é grande para aprender todos os truques e alcançar as coisas que o façam ser "pró".
Os jogos são "coisas" paralelas à nossa vida. O que quero dizer com isto é que tudo o que se procura nos jogos é o mesmo que na vida real.
Talvez haja tanto interesse neles porque não se consegue ter a felicidade no mundo real, deve ser a justificação para haver tanta gente viciada neles. Desemprego, etc.
Como sou uma pessoa que já esteve nesse mundo paralelo devo dizer que realmente é uma coisa que preenche o vazio que temos, mas descobri recentemente que não é sendo algo "online" que vou realmente ser aquilo que quero ser.
Conhecemos pessoas, formamos o "grupo" de amigos, fazemos tudo juntos mas como todo o tipo de dependências há consequências. O nosso corpo reage à falta da nossa "realidade" quando há falta de electricidade, o servidor do jogo está offline, a internet não funciona, aí confrontamo-nos com o que o jogo realmente é: um passatempo e nada mais.
Conheço pessoas que sonharam, faziam planos durante o dia para os seus jogos e devo dizer que é triste.

Passando à frente, quando se tem tudo o que é necessário para se jogar podemos apreciar realmente o jogo mas não é durante muito tempo porque se perde o interesse. Não há nada de novo para se fazer portanto fazemos "restart" começando noutro servidor ou noutro jogo. Aí está o que não podemos fazer na vida real.
Nós não podemos voltar nem atrás nem ter o que antes tinhamos e jogamos fora.

Digam-me então para que serve sonhar? Para que serve trabalhar e lutar para uma coisa que quando a tivermos provavelmente nos vamos "aborrecer"? O que é viver afinal?