segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Mudanças

Para muitos, Ano Novo é sinónimo de vida nova e mudança, mas eu não faço parte dessa maioria. Nós mudamos quando queremos, precisamos e podemos. Porque são os desejos de 1 de Janeiro mais importantes que os desejos dos restantes 364 dias?
O que quero dizer com isto é que a passagem de ano para mim é uma noite como as outras, excepto em relação às assistências hospitalares por excesso de álcool.
Eu entendo que seja uma tradição e respeito quem a cumpra mas acho que o dinheiro envolvido e os recursos energéticos utilizados nessa noite são muito mal empregados. Há pessoas a morrerem à fome, sem casa ou sem possibilidades de comprar medicamentos necessários para a sua sobrevivência e em todas as cidades deste país gastam em fogos-de-artifício. Quer dizer… é mesmo necessário haver isso em todas as cidades e vilas? Que desperdício de dinheiro. A câmara municipal da minha região podia poupar esse dinheiro para arranjar as estradas municipais que estão tipo queijo suíço.
Deixemos de lado a minha aversão à passagem de ano porque decidi partilhar convosco hoje um desejo meu acompanhado com um apelo que vocês provavelmente ouvem todos os dias mas que nunca deixa de ser de máxima importância. É uma mudança que tem mesmo que acontecer.



Eu não sou religiosa e tenho educação científica e desde de sempre que dei muito valor e apreciação ao nosso planeta. A meu ver, a existência do planeta Terra é um verdadeiro milagre: é uma combinação de acontecimentos e condições tão improváveis de acontecerem todos ao mesmo tempo, está fora da capacidade humana entender a grandiosidade que é o nosso planeta. Eu respeito e admiro-o enquanto ele está a ser vandalizado… por nós.



Desde meados do século 19 que a temperatura da atmosfera, e consequentemente dos oceanos, aumentou significativamente. Como sabem este assunto tem sido muito controverso pois a temperatura terrestre sempre mudou em forma de ciclos desde há milhões e milhões de anos atrás: as pessoas que não querem acreditar ou que simplesmente não se importam vão sempre buscar essa mesma desculpa. Mas o facto é que nunca os níveis de dióxido de carbono na atmosfera tiveram tão altos como estão actualmente, e continuam a subir todos os dias, todas as horas, todos os segundos.
Tanto a humanidade como o planeta Terra foram sempre afectados por cataclismos desde que há registo como: erupções vulcânicas, maremotos, terramotos, avalanches, tornados, furacões, tufões e derrocadas que são fenómenos que, como disse, sempre acontecerem e pressupõe-se que sejam naturais de acontecer. A actividade geológica por mais intensa e destruidora que seja é um forte sinal de que o nosso planeta está vivo e capaz de gerar vida; eu estudei em Geologia que Marte em tempos teve uma actividade geológica parecida à da Terra e é um forte indicador para que acreditemos que em tempos tenha existido vida lá. Quando há uma grande erupção e os estragos materiais são muitos, obviamente que dói e custa para quem sobrevive e vive nas redondezas mas não é culpa do vulcão que aldeias sejam destruídas 
porque as pessoas tem que ter noção de onde vivem e fazer uma escolha: continuar a viver naquele sítio ou não. Isto é válido para todos os tipos de catástrofes naturais. As ilhas que existem hoje são fruto da actividade geológica de Terra e são paraísos aos olhos de muitos, águas termais idem, os terrenos em volta de um vulcão são mais férteis que os normais.

Se existe destruição é porque os humanos são estúpidos por quererem habitar onde não devem. Os animais pressentem estas erupções e mudam de “casa” facilmente, mas os humanos não. Há certas regiões da Terra que são muito sensíveis a tais acontecimentos e as pessoas têm que ter juízo e parar de lamentar o que pode ser evitado, como por exemplo em caso de cheias, agitação marítima, tornados e afins. A culpa não é do planeta. Nunca foi e nunca será, isso que fique aqui bem claro. O nosso planeta é lindo da maneira que foi criado, a natureza é um constante equilíbrio, um lindo equilíbrio. 

Mesmo os ignorantes notam que o clima está a mudar e que não acontece só nos outros países mas em Portugal também. As altas temperaturas no Verão que batem recorde todos os anos, o frio e principalmente a ocorrência de tornados que aumentou significativamente e que os meteorologistas prevêem aumentar ainda mais. Em Portugal, tornados tínhamos 1 em cada 10 anos?! Reparem que tornados podem acontecer em toda a parte do mundo, embora seja muito improvável fora do Tornado Valley nos EUA onde a intensidade e número de ocorrências também tem aumentado significativamente. Nós só no ano passado e contado com o que ocorreu em Paredes já em 2014, vamos já em 5 num período de ano e meio. O que passou pela zona algarvia atingiu uma categoria 3 na escala de Fujita (para quem não sabe a escala Fujita vai de 0 a 6, o do Algarve foi de 3), quer dizer eu fico pasmada... Como é que podem continuar a ignorar isto?!
Eu sei que o clima está a mudar, eu sei que em todo o mundo as catástrofes estão cada vez mais intensas, mas os portugueses (como comunidade) nunca se deram muito ao trabalho de se importar com esse problema e mesmo agora simplesmente não querem saber! É como levarem com uma frigideira mesmo na cara e no segundo seguinte estarem com a mesma cara de parvo que antes.
Para quem tem mais consideração negócios e dinheiro, meus amigos, tais desastres são uma facada na economia de um país.


Num panorama mais global, basta olharmos para os furacões que se formam no Golfo do México e se dirigem para os EUA. Cada vez há mais e mais intensos, com mais estragos, mais vítimas, mais desalojados, mais dinheiro gasto e mais e mais e mais.
No sul da Ásia as cheias e os tufões idem! No Norte de África reservatórios de água desaparecem e a seca parece não ter fim!
Nós somos uns broncos! Idiotas! Interesseiros! Nós tomamos o planeta Terra como garantido, como se fosse nosso e como se não o partilhássemos com mais ninguém, o que não é verdade.
Esquecemos-nos sempre da fauna e da flora que existem há muitos mais anos que nós! Nós devemos-lhe respeito e protecção porque nós somos os animais racionais e devíamos emendar os erros dos nossos antepassados como a caça às baleias e outros eventos que levaram à extinção de muitas espécies e que ainda hoje ameaçam muitas.
Todos fazem dos tubarões uns monstros por causa dos ataques a humanos, quando claramente a culpa é mesmo nossa ao ocupar os habitats naturais de tantas espécies. Mas quantos tubarões não são mortos por dias em todos os oceanos deste mundo onde até mesmo por pura maldade apanham-nos, cortam-lhes as barbatanas e jogam-nos ao mar para morrerem.




E tantas outras espécies marítimas que sofrem tantas baixas por causa do NOSSO lixo, redes e derrames de petróleo. 
Quando eu tinha 12 anos fiz uma visita de estudo a um zoológico, onde no final da visita o guia nos disse todo contente “Agora vamos ver o animal mais perigoso do mundo! Estão excitados?! Querem vê-lo?” e todos ficaram curiosos e a dizer Será um leão?? Ou uma cobra?? Ou será um urso? Ah não me digam que vamos ver um tubarão? E quando chegamos à jaula estava um humano lá dentro e o guia disse-nos “Sim, infelizmente não é o que vocês estavam à espera, mas o ser humano é o animal mais perigoso deste planeta” e eu nunca irei esquecer tal momento. Óbvio que muitos viraram as costas e riram mas houve uma minoria que ficou intrigada com o que aconteceu, e eu fiz parte dessa minoria. 
Nós somos os únicos monstros neste planeta, nada de tubarões ou ursos ou leões.

O aumento da temperatura da atmosfera deve-se ao tão famoso efeito de estufa que todos já devem ter ouvido falar com certeza. E o que mais alarma os cientistas é o derretimento do gelo das calotas polares e glaciares, que estão a desaparecer. Isto pode não vos dizer nada porque a Terra é tão grande que todo aquele gelo mesmo derretendo não vai nos afectar muito, o que é totalmente falso, muitas zonas do planeta vão desaparecer do mapa e ficar sobre água, e como as calotas polares são como um espelho para os raios solares se elas deixarem de existir ou diminuir, mais quente a temperatura vai aumentar o que significa mais desastres naturais como nunca até hoje visto. E vou bater na mesma tecla de há bocado pois muita gente se esquece desse “pequenino” detalhe que são os animais. 
As calotas polares são habitat de muitos animais que não conseguem viver em mais sítio nenhum. Eu vou dar exemplo de uma espécie que é muito conhecida e também uma das mais fascinantes do meu ponto de vista que é o urso polar. 

Os ursos polares são uma das espécies mais fortes e resistentes que existe, conseguem andar vários km para acharem alimento, conservar energia e hibernar no inverno gelado do Árctico. 
O que tem acontecido nestes últimos anos é que têm encontrado muitos desses animais mortos no oceano, não por mão humana mas sim porque nadam longas distâncias para encontrar alimento e zonas com gelo e quando não encontram vão nadando e nadando até gastarem toda a sua energia e acabarem por morrer. Nós somos os culpados. 
E pagamos em primeira mão pela primeira vez em Abril de 1912 quando o RMS Titanic afundou a meio do atlântico por causa de um icebergue. Eu não sei quanto a vocês mas a história do Titanic é muito mais do que só um barco inovador ter afundado. Nós fazemos a cama em que nos deitamos e infelizmente a vida de 1500 pessoas acabou nesse dia por 100% culpa nossa e não como os desastres naturais.


Saber e ver tal coisas dói. Não sei se são familiares com a expressão “Por um, pagam todos” mesmo quando os outros não têm culpa de nada, e é precisamente o que acontece. Por nossa causa e negligência quem está a pagar são os que mais fiéis à natureza são.
Esta imagem acima simboliza muito e consegue expressar muito melhor que este meu enorme texto do que realmente se passa.
É uma tristeza ver pessoas interessadas em festas, concertos, dinheiro, namoros; ver pessoas a gastarem tão desnecessariamente electricidade, a jogar lixo para a rua, ver caixotes do lixo cheios de coisas que podem ser recicladas e não são porque não há intervenção social para tal, ver criaturas desesperadas porque não têm internet ou uma peça de roupa nova quando há vidas inocentes em jogo como as dos ursos polares.
Eu acho que nós chegamos a um ponto em que reciclar não é uma opção mas sim uma obrigação.
Os políticos metem-me nojo porque dão muito mais importância à economia do que ao ambiente, pois porque se a coisa der para o torto eles irão estar a salvo mas nós cidadãos não, nós é que iremos sempre pagar pelo erro deles. É como as guerras, os meninos nunca sujam as mãos mas sim as marionetas. Nós é que temos que nos mexer para as coisas mudarem. 

Eu vou deixar convosco referências de 2 documentários que me abriram a pestana, 1 filme que apesar de ser maior parte ficção não deixa de ter factos reais e importantes:

An inconvenient truth / Uma verdade Incoveniente

É um documentário sobre o aquecimento global com factos científicos que ganhou dois Óscares sendo um deles o de melhor documentário.
É fácil de se ver, de ficar cativado e a pessoa que está por detrás do filme é na minha opinião uma pessoa que vale a pena ouvir falar, o Sr. Al Gore. Eu recomendo totalmente.

Extreme Ice / A ameaça do Degelo

 Um documentário produzido pela National Geographic Television sobre um dos muitos estudos que fazem sobre o degelo nas calotas polares e glaciares. É mais objectivo do que o filme de Al Gore porque foca-se no degelo enquanto o outro é muito mais abrangente sobre o aquecimento global.

The Day after tomorrow / O dia depois de amanhã

Como disse pode ter ficção mas há muitas coisas que estão representadas são reais, tal como a ignorância politica ou a preocupação sobre a interrupção da corrente do Atlântico Norte. Não se esqueçam que a Terra é um sistema equilibrado e que se esse equilíbrio for afectado coisas podem acontecer para esse mesmo equilíbrio volte ao normal.



Este é o meu grande desejo para 2014, porque crises económicas não são as únicas que enfrentamos hoje em dia.
Um grande abraço para todos os que leram e para todos os seres vivos deste mundo!




Imagens: National Geographic, yuumei e perodog