quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O príncipe encantado



© araqa
A bela e o monstro, A bela adormecida, A branca de neve, Cinderela e A pequena sereia tiveram os seus príncipes encantados. Os príncipes encantados só existem em contos de fadas, pelo menos é o que toda gente diz, mas afinal o que é um príncipe encantado?

Nos contos de fadas são príncipes que salvam a protagonista do seu amaldiçoado destino e são belos... e são encantados?! E na realidade? Será que as pessoas sonham com esses príncipes dos contos de fadas?

Eu não sei quanto a vocês mas eu ando à procura do meu príncipe encantado que não é nem príncipe nem encantado. Eu tenho a ideia do homem perfeito para mim e é com ele que eu sonho mas “Os príncipes encantados não existem”, “Não vale a pena esperar por um príncipe encantado porque nunca o vais achar”, “Acorda para a realidade”, será que as pessoas ao dizerem isso se referem aos príncipes dos ditos contos de fadas ou ao meu? Bem quanto ao do conto de fada eu tenho a certeza que não existe, os raros príncipes que há actualmente não salvam nenhuma rapariga com cavalos brancos e espada ao punho! E nem sempre são belos...
O príncipe encantado da minha imaginação é o homem com quem me casarei, terei adoráveis filhos e que só me separarei dele quando um de nós morrer. Não tenciono ter um “E vivem felizes para frente”, quero discutir porque discutir faz bem ao contrário do que muita gente pensa, quero reconciliações, quero problemas para resolver mas sei que com ele vai tudo ficar bem, no final vai estar tudo bem.

Acredito que não há pessoas perfeitas, mas também acredito que duas pessoas possam ser a perfeição pois os seus defeitos complementam com as qualidades um do outro.

A verdade é que eu estou incompleta sem ele e quero acreditar que ele existe e que me venha salvar desta vida à muito perdida.

domingo, 13 de junho de 2010

Malditos 19 anos

Música: Rarity

Há muitas coisas estranhas no mundo.
Entretanto, independentemente do quão bizarro for uma ideia... se não houver ninguém, se não houver ninguém para vê-la, se não se envolver ninguém, é apenas um simples fenómeno.
Isso é porque as pessoas são as criaturas mais estranhas no mundo.


Se existe algum momento em que nos sentimos confusos, bloqueados e esquecidos sobre tudo na nossa vida, se tudo o que está dentro de nós é névoa, se não sabemos qual a nossa personalidade, o que gostamos... o que desgostamos; então eu estou a passa-lo. Se fosse uma coisa leve eu não me importava muito mas como já alcança grandes proporções o meu corpo já está alterado físico-psicologicamente.
De algumas semanas para cá tenho notado uma diferença muito grande no modo do meu descanso, tenho sonhos, ou até mais do que um, todos os dias e durmo entre 10 a 12 horas, o meu sono tornou-se mais pesado e quando acordo sinto-me cansada e ensonada. Verdade seja dita, eu já pensei em algumas doenças possíveis mas desta vez não o fiz como antigamente, sei que estou esgotada, sei que a minha mente pede descanso. E também sei o que muitas pessoas vão pensar quando lerem isto “Mas ela não faz nada na vida, não trabalha, não estuda, não sai, não tem filhos para alimentar, não tem projectos para entregar... ela não sabe o que é estar esgotada.”

Os meus 19 anos, os meus odiados 19 anos, os odiados dias de 19 anos, o odiado rosto de 19 anos...
Tenho 19 anos, e estou longe de ter os 19 anos porque com esta idade uma pessoa tem de ter a sua vida planeada, carta de condução tirada, frequentar curso universitário e ter o seu projecto de vida encaminhado, por estereótipo da sociedade. Eu não tenho, muito pelo contrário a minha vida não está planeada, não tenho a carta de condução, não frequento curso nem universitário nem nada que se pareça e o meu projecto de vida está um fracasso. A minha família que o diga, pois todos os dias fazem questão de me lembrar o quão inútil e infantil eu sou... a minha família e afins pois bocas do género “Então nunca mais tira a carta menina? Olhe que o meu rapaz já tem e é mais novo 1 ano!” ou “Oh tens 19 anos? Então e estás em que curso?” eu ouço praticamente todos os dias, e digamos que não ajuda nada na minha já fragilizada auto-estima.
Uma coisa é certa, eu não consigo satisfazer a toda gente, mas pelo menos a mim tenho de o fazer e nem isso consigo. A minha auto-estima nunca foi das mais altas, mas admito que está a baixar e apesar de não me magoar fisicamente, eu detesto-me. Não gosto de nada em mim e tudo o que gosto de fazer acaba sempre por receber represálias das pessoas que me rodeiam. Escrever é uma delas, e se há coisa que me custa muito não conseguir fazer é escrever. A verdade é que já me sinto mal ao fazê-lo, e isso cria uma revolta dentro de mim porque sempre foi a coisa que mais gostei de fazer em toda a minha vida, e agora sinto-me sufocada. Não gosto do que escrevo, pois tenho sempre a impressão de que estou a ser repetitiva, me escapam coisas e que escrevo mal. Por exemplo, planeei escrever este texto no dia dos meus anos, tendo em conta que faço anos a 4 de Janeiro, só o consegui acabar agora (passado 6 meses).
Para quem eu escrevo? Não sei. Porque escrevo? Não faço a mínima ideia...

sábado, 23 de janeiro de 2010

O funeral


Charles Carol Coleman - Funeral March


Se há evento em que detesto estar presente é um funeral e não por o mais óbvio: a perda de um ente querido. De certo isso também ajuda um bocado.
Uma pessoa morre, toda gente fica a saber (aqui na minha zona e em toda a freguesia). Maior parte das pessoas que comparecem na igreja e cemitério muitas vezes nem chegaram a falar uma única vez com o falecido, marcam presença porque são mesquinhas e querem saber quem vai e quem não vai, quem chora e quem não o faz e os motivos para tudo isso.
Mas se há coisa que altera totalmente o meu estado de espírito é o facto de estas pessoas não-bem vindas terem o descaramento e a indecência de falarem alto e rirem durante a cerimónia e no enterro. Juro, pela minha saúde, que nesses momentos me apetece distribuir chapadas a tudo o que fala! É uma total falta de respeito! É indecente! É mesquinho! É descarado! É vergonhoso! É um ultraje! Raios os partam!
Para acumular o meu gosto por funerais, o padre da região faz algo perto da nulidade: chega atrasado, é interesseiro (por dinheiro), incompetente, dá a missa com trombas, mal humorado, é apressado. Não tem compaixão pela família e amigos do falecido, diz o que tem a dizer e vai embora, deve de ter pressa para ir ver As Tardes da Júlia ou o programa do outro da manhã.
O funeral é suposto ser um tributo, honra, despedimento das pessoas mais próximas do falecido, e não um passatempo ou uma desculpa para faltar ao trabalho.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Corações Quebrados

Música: Jesus Bleibet Meine Freyde

© by Nayla Smith


À dias atrás tive oportunidade de ver um filme intitulado "Corações Quebrados": A história de duas mulheres cancerosas, uma delas na flor da vida, a outra já na terceira idade, que enfrentam o maior desafio das suas vidas: lutar contra a ameaça de morte. Vivendo na mesma cidade, convivendo com personagens excêntricas, os seus esforços conjuntos para ultrapassar a sua dramática realidade fornecem ás duas mulheres e a todas que as rodeiam uma enorme lição de vida.


Este pequeno filme de 95 minutos deu-me que pensar, e não foi só cancro mas também pelo que está por trás e com quem eu me identifiquei. Além das duas protagonistas existe o seu médico que tem problemas psicológicos e ao longo do filme vão mostrando as evoluções dos 3 casos. Como era de se prever o realizador focou a história em torno do "cancro".


Se senti alguma injustiça? Sim. Por mais grave que o cancro seja (ou qualquer outra doença que envolva vírus, bactérias e afins), não torna uma pessoa afectada psicologicamente num caso menos preocupante. Aliás eu nem sei qual dos dois casos é mais preocupante. 
Provavelmente a maioria das pessoas nesta situação pensam que o cancro é mais grave e eu não discordo, mas o que penso é que as pessoas afectadas psicologicamente são menosprezadas pela sociedade.
Por experiência própria, eu sei o que isso é, porque eu mesma sou menosprezada pela minha própria família, amigos e desconhecidos. Embora eu tenha noção que alguma das coisas que me são ditas sejam verdade, as pessoas têm de compreender que a depressão não é facto de uma pessoa se sentir triste ou deprimida  e que temos de nos dirigir a ela por um meio alternativo que não seja o mais directo e duro.


Sabiam que problemas relacionados com o psicológico aumentam a probabilidade de aparecimento de cancros? Cancros, problemas no coração, doenças no geral. Já para não se falar nos suicídios, que é o mais grave. Num cancro é uma questão biológica, ou consegue reagir ao tratamento ou não consegue. Psicológicos: não se consegue ver, não há um único caso igual, as consequências podem ser terríveis e marcantes para toda a vida, já para não falar que um pessoa que os tenha e não seja devidamente acompanhado pode se tornar um perigo para a sociedade.
Espero que entendam que ao escrever isto não quero meter as pessoas perturbadas psicologicamente acima das pessoas com graves problemas de saúde, mas sim tentar fazer com que as pessoas entendam que estar deprimido ou num estado prolongado de ansiedade não é uma coisa banal e que não mereça atenção e cuidado.